São Paulo, Junho 2025 - Parte I
- Rafe Barretto
- Aug 1
- 4 min read

Chegamos em São Paulo no dia 9 de junho, vindo direto do Rio. O voo foi tranquilo e rápido, mas assim que saímos do aeroporto, o frio já deu as caras. Ainda era dia, mas o ar já estava gelado. À noite, parecia que o travesseiro tinha virado uma pedra de gelo. Foram as noites mais frias da minha vida. Já passei por noites bem mais frias nos Estados Unidos, mas lá tudo é isolado termicamente e com aquecimento. Em São Paulo, meu amigo, foi no peito e na coragem.
Ficamos hospedados na casa do meu primo Thales e da namorada dele, a Letícia. Passamos um tempo de qualidade com eles, jogando videogame, maratonando os filmes do John Wick e até assistimos Ricky Stanicky. Já fazia anos que eu não via o Thales. Foi bom demais reencontrar ele. É um dos meus primos mais engraçados, muito estabanado e esquecido, o que sempre rende boas gargalhadas.
Nos dias seguintes, aproveitamos para explorar a cidade com foco na fotografia. Fomos visitar alguns lugares antes do grande dia do show do Oficina G3, que estava marcado para o dia 13. Os passeios começaram com a região da Paulista, onde visitamos a Japan House, a Casa das Rosas e o Sesc Paulista.
Japan House: Acredito que essa tenha sido a segunda vez que a Vivi e eu fomos até lá. Fica bem na esquina do Shopping Pátio Paulista, no caminho de volta para a casa do Thales. Entramos para ver o que estava rolando de exposição. O tema era voltado à sustentabilidade e inovação japonesa. Tinha coisas legais, mas nada que prendeu a nossa atenção por muito tempo. Ficamos ali por uns 20 minutos, tiramos algumas poucas fotos e partimos pro próximo destino.
Casa das Rosas: Sempre passávamos em frente, mas nunca tínhamos entrado. Dessa vez deu certo. A Casa das Rosas é uma das poucas construções da época original da Paulista que ainda resistem. A maioria dos casarões foi demolida para dar lugar aos prédios que hoje dominam a avenida. A casa tem um jardim encantador e por dentro é linda, com madeira antiga, portas de vidro e uma vibe bem romântica. Lemos algumas placas contando sobre as mudanças na avenida e como o casarão se manteve firme no tempo. Fizemos várias fotos por ali antes de seguir.
Fun fact: Eu sempre fui fascinado por história. Gosto de entender como as cidades eram, como as pessoas viviam, e comparar com hoje. Esse gosto ficou ainda mais forte depois que mergulhei na fotografia analógica, que me conecta diretamente com o passado. Durante essa viagem, assisti a um documentário sobre São Paulo entre 1920 e 1930, que mostrava lugares como o Museu do Ipiranga e a Pinacoteca. Desde então, tenho tentado capturar esses mesmos locais com uma abordagem que homenageie os registros daquele tempo. Fotografar hoje pensando como se estivesse em 1930 virou quase uma missão pessoal.
Esses passeios aconteceram antes do show. Depois do evento, no domingo dia 15, decidimos explorar mais um pouco. Nosso destino foi o Museu do Ipiranga, que estava com entrada gratuita no domingo. E aproveitamos que os ônibus em SP também são gratuitos nesse dia. Resolvemos pegar transporte público em vez de gastar com Uber.
A viagem de ônibus foi uma aventura. Sentamos no fundo, e logo uma mina gótica começou a falar alto, comentando sobre gibis, Mulher Maravilha, soltando gritos de golpe de videogame como "finish him" e "COUNTEEEER". Trocávamos olhares com vontade de rir. Parecia cena de pegadinha. Depois de uns 35 minutos, descemos perto do museu.
Museu do Ipiranga Que lugar lindo. Imponente, conservado, seguro. Um dos poucos lugares em São Paulo em que me senti totalmente tranquilo pra andar com câmera na mão. E não era só eu. Tinha gente fotografando pra todo lado. A garoa não parava, o céu estava fechado, mas mesmo assim o cenário era cinematográfico. Fizemos boas fotos mesmo com a luz difícil.
Lá dentro, o museu oferece uma visão profunda sobre a história do Brasil, especialmente o processo de independência. Tem exposições com objetos de época, móveis, pinturas históricas e documentos originais. Com o documentário antigo ainda fresco na memória, estar ali foi como entrar em uma cápsula do tempo. Quis reproduzir enquadramentos, tentar me aproximar da estética das imagens feitas cem anos antes. Era como fazer parte de uma linha contínua da memória visual da cidade.
Voltamos pra casa naquele dia ainda debaixo de garoa. Mas no dia seguinte, o céu abriu. Sol de inverno, luz dourada. Decidimos voltar ao museu só pra fotografar de novo. Que diferença. A mesma arquitetura, o mesmo jardim, mas uma atmosfera completamente diferente.

Essa viagem pra São Paulo foi cheia de contrastes. Dias nublados e dias dourados, frio congelante e risadas quentes, andanças aleatórias e visitas que marcaram. Mas o ponto alto foi, sem dúvida, o show do Oficina G3.
E isso é assunto pro próximo post, até lá!
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