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Piracicaba, Abril 2025

  • Writer: Rafe Barretto
    Rafe Barretto
  • Jul 29
  • 5 min read

Updated: Aug 1

(foto: Rafael Belentani Barretto)
(foto: Rafael Belentani Barretto)

Microfonia Tour, Rodolfo Abrantes

Tudo começou numa quinta-feira à noite, 10 de abril. Eu e a Vivi estávamos sentados à mesa de jantar, na casa dos meus pais em Araçatuba. Ela revisava alguns currículos enquanto eu perdia tempo pela internet, quando de repente o celular dela vibra. Era uma mensagem de um produtor que ela conhece, o mesmo que trabalha com Oficina G3 e Rodolfo Abrantes:

“Show do Rodolfo Abrantes em Piracicaba, dia 11 de abril. Você consegue?”

Ela riu, virou pra mim e perguntou:— “Rafa… Piracicaba é longe?”

Eu nunca tinha parado pra pensar nisso. Abri o mapa: quase seis horas de carro.

A princípio, ela hesitou. Era em cima da hora, fora de mão, e a viagem parecia puxada. Mas eu fui direto: a oportunidade apareceu? A gente atende.

Começamos a ver todas as variáveis: preço de aluguel de carro, passagem de ônibus, hotel... Tudo meio que possível, mas justo. Até que me veio uma ideia:

“E se a gente pegasse o carro da minha avó?”

Fomos falar com ela. E aí veio o plot twist da vida real: minha avó tinha uma irmã em Rio Claro, a apenas 30 minutos de Piracicaba, que ela não via fazia anos. E soltou a proposta:

“Se vocês me deixarem na casa da minha irmã… podem levar o carro.”

Dito e feito.

No dia seguinte, almoçamos e partimos por volta das 11h30. Precisávamos estar no teatro às 18h para fazer o check de equipamento. A estrada era longa, reta, sem muita emoção. Chegamos em Rio Claro por volta das 17h, deixamos minha avó, e seguimos direto pro hotel. A ideia era fazer check-in, comer algo, ir com calma… mas quem disse que deu tempo?


Vivi nos preparativos finais. (foto: Rafael Belentani Barretto)
Vivi nos preparativos finais. (foto: Rafael Belentani Barretto)

Chegamos no teatro às 18h30. Correria. Conheci os produtores e o Eduardo, um fotógrafo local que também ia cobrir o show. Às 19h em ponto, o som começou. Era minha primeira vez fotografando um show grande, com produção, estrutura e luz de palco real — não mais as bandas worship das igrejas de sempre.

Logo no início do show, a Vivi e eu nos separamos — cada um pegando um lado do palco, pra conseguir cobrir mais ângulos e ter liberdade. E foi aí que, mesmo no meio do caos, eu tive um momento de pausa: olhei pra ela, lá do outro lado, e vi a Vivi no habitat natural dela.

Ela estava completamente tranquila, fluindo entre os músicos, clicando com leveza, no tempo certo, sem tropeçar em nada. Já era o terceiro show dela, e dava pra ver a segurança de quem já tinha feito isso antes.Naquele momento, eu me senti inspirado. Não só porque ela tava mandando muito, mas porque eu vi como é possível estar presente e confortável mesmo quando tudo é correria.

E isso foi crucial. Quando comecei a travar com a Canon, a frustração bateu. Mas lembrar da calma dela me ajudou a não desistir — a parar, respirar, trocar de estratégia e seguir com o que fazia sentido. E foi aí que a Fuji entrou em cena de verdade.



Como domar a Fuji em ambiente de show

Entrei com dois corpos:

  • Canon 6D Mark II com 70-200mm f/2.8 III

  • Fujifilm X100V com o adaptador TCL-X100, que transforma a lente fixa de 35mm em uma 50mm equivalente


A ideia era clara: Canon como principal, Fuji como apoio. Só que algo não clicou. Logo nos primeiros minutos, percebi que estava fora do meu ritmo com a Canon. Não conseguia me adaptar. Estava perdendo mais tempo lidando com o equipamento do que fotografando. Além disso, com duas câmeras penduradas, tudo parecia mais atrapalhado do que útil. Tomei uma decisão rápida: tirei a Canon de jogo e confiei na Fuji.

Foi aí que apareceu o segundo obstáculo: a alça da câmera. Eu não costumo usar alça. Me processe. Naquela situação — som estourando, palco estreito, gente passando, tensão no ar — a alça só atrapalhava. Arranquei na hora e enfiei no bolso.

Mas os desafios não pararam aí.


A X100V tem dials físicos — ISO, velocidade do obturador no topo e f/stop na lente. Em teoria, lindo. Na prática, no meio do caos de um show, eu estava me perdendo. Na Canon, eu usava prioridade de abertura e deixava o resto fluir. Na Fuji? Não tava rolando.

Lembrei de um vídeo com uma configuração alternativa, testei no momento e funcionou: coloquei o ISO no modo C (custom), controlando com o dial frontal. Deixei a velocidade do obturador no modo T, controlada pelo dial traseiro. Mantive o f/stop fixo em f/2.8. Essa foi a combinação perfeita. Simples, intuitiva, fluida. A partir daí, comecei a ganhar confiança de novo.


Rodolfo Abrantes (foto: Rafael Belentani Barretto)
Rodolfo Abrantes (foto: Rafael Belentani Barretto)

Dois corpos, dois filtros e uma cabeça tentando acompanhar tudo

Durante o show, fui alternando entre a Fuji com a lente nativa 35mm e a com o adaptador TCL para 50mm. Em ambas, usei filtros de difusão Black Mist — 1/4 na 35mm e 1/8 na 50mm. O objetivo era claro: trazer atmosfera. Suavizar os highlights agressivos do palco, dar aquele toque mais orgânico e cinematográfico às fotos.


Pra uma primeira vez nesse tipo de ambiente, eu estava sobrecarregado. Troca de câmeras, ajuste de dials, foco, ISO, composição... tudo enquanto o show explodia na minha frente. Mas deu certo. Foram duas horas tensas e produtivas — com fotos que realmente me deixaram orgulhoso.

E ainda teve um detalhe que fez toda a diferença: levei uma Canon Selphy na mochila. A ideia era simples. No fim do show, imprimir ali mesmo algumas das melhores fotos e entregar pra banda. Nada de esperar dias pra ver as imagens. Era sobre criar algo físico, imediato, direto no coração. E funcionou. A reação dos músicos ao receber fotos impressas, minutos depois de sair do palco, foi absurda. Um gesto simples que cria uma memória forte. Uma entrega real, não só de arquivo, mas de presença.


(foto: Rafael Belentani Barretto)
(foto: Rafael Belentani Barretto)

O que a Fuji acertou (e o que eu senti falta)

Alguns minutos dentro do pit e já ficou claro: a portabilidade da X100V foi essencial. Com o palco lotado e muita gente próxima, precisei me abaixar várias vezes pra não atrapalhar a visão do público. Se eu estivesse com uma câmera maior e mais pesada, teria sido um problema.

Outro ponto alto foi a velocidade de resposta do obturador. Por ser uma mirrorless com obturador de folha, o tempo entre apertar o botão e capturar a imagem era praticamente instantâneo — muito mais preciso do que estou acostumado em DSLRs. Não falo de "disparos por segundo", mas da sensação de resposta imediata, o que num show faz diferença.


As cores foram outro acerto impressionante. Os JPEGs direto da câmera entregaram uma qualidade absurda. Textura, contraste, tons de pele, grão — tudo com uma estética que lembra filme, mas com a conveniência do digital. Acabei nem usando os arquivos RAW. A X100V entregou.

Claro, não é perfeita. Senti falta de uma lente mais longa. Fotografar com 35mm e 50mm me obrigou a ser criativo, buscar ângulos diferentes, me aproximar mais, repensar enquadramentos. Isso é bom, mas no meio de um show, às vezes você só quer aquele recorte mais fechado — e ali eu senti falta da minha 70-200mm. Ainda assim, pra uma câmera compacta de lente fixa com adaptador, a Fuji entregou MUITO.


No fim, eu saí com fotos que me representam. Não só pelo conteúdo, mas pela forma. A Fuji não foi só uma ferramenta, ela imprimiu estilo nos arquivos. E isso, pra mim, é tão importante quanto qualquer especificação.

Segue alguns dos highlights do show:


Logo vou contar como foi fotografar o segundo show com a Vivi — já usando tudo que aprendemos em Piracicaba. A abordagem mudou completamente, e o resultado também. Até lá.

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Fotos Book-05599.jpg

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